15 de mar. de 2010

Polícia diz ter o suspeito do crime da bancária


A polícia tem o suspeito do assassinato da bancária Ananda Barreto Assunção, 29 anos, segundo o delegado geral Joselito Bispo. A jovem apareceu morta no último dia 2, nas dunas de Ipitanga, depois de deixar a agência da Caixa Econômica Federal, onde trabalhava, em Lauro de Freitas, em direção a sua casa, no bairro de Portão, às 17 horas do dia anterior.

O nome do assassino, entretanto, não foi divulgado, já que os investigadores ainda dependem de evidências, para uma prova material contundente. Os familiares mantêm silêncio e buscam forças para enfrentar a dor da perda. Nas ruas de Lauro de Freitas e locais por onde a bancária passou no último dia de vida, a grande dúvida é quem foi o assassino e quais os motivos que o levaram a tamanha monstruosidade.

Várias suposições são apontadas por moradores da região. Para uns, Ananda teria sido vítima de vingança de pessoas que teriam algo contra o seu marido, o capitão da Polícia Militar (PM), Roberto Assunção, lotado na Casa Militar e ajudante de ordens do governador Jaques Wagner. Outros acreditam numa queima de arquivo, referindo-se ao suposto desvio de R$ 40 mil, dentro da Caixa Econômica, que teria sido descoberto pela vítima.

Enquanto a gerência da agência bancária onde Ananda trabalhava também adota a lei do silêncio, uma coisa é certa, segundo um vigilante do turno vespertino: a funcionária saiu sozinha em seu carro no dia 1º de março. Os empregados da panificadora “Ponto do Pão”, por sua vez, asseguram que a cliente assídua não apareceu na loja neste dia. As fitas gravadas pelo sistema de segurança atestam essa informação.

Diante de muitas incertezas e poucas informações divulgadas pela polícia, muitos acreditam que Ananda, possivelmente, foi abordada logo que deixou a agência, por um conhecido, já que não houve nenhuma testemunha, nem mesmo no congestionado trânsito da Estrada do Coco, que relatasse uma possível abordagem. As evidências, portanto, mostram que o assassino tinha conhecimento da rotina da vítima. Inclusive, da sua chegada um pouco mais tarde no serviço, no horário matutino, dizendo que o filho de um ano e oito meses estava com febre, motivo que a fez sair mais cedo do que o normal.

Últimos passos No período da tarde daquele dia, Ananda teria dito ter recebido uma ligação da babá, que salientava que o filho continuava com febre. Foi essa a justificativa para ela ter saindo antes das 17 horas. Depois que pegou o seu carro no estacionamento do banco, o percurso da jovem até seu corpo ser encontrado ainda é um mistério. Até agora, a polícia busca por uma testemunha, mas o que parece é que ninguém viu a vítima sendo abordada e levada em seu próprio carro até o local do crime.

A equipe de reportagem percorreu o caminho entre a agência bancária e o areal onde o corpo foi encontrado, em horário semelhante à saída da vítima do trabalho e constatou que levaria cerca de 30 minutos no percurso.

Falta de prova atrapalha investigação

A polícia afirma trabalhar intensamente para prender os envolvidos no assassinato da bancária. Porém, mantém a investigação em sigilo. Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Joselito Bispo, vários policiais civis da Delegacia de Homicídio (DH) e da inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) estão trilhando vários caminhos e buscando provas materiais para que possam sustentar as acusações. “Várias pessoas já foram ouvidas, inclusive os possíveis autores do crime. O que tentamos, agora, é colher materialidade, indícios e provas para que possamos prender os envolvidos”, afirmou Bispo

O delegado não revelou qual a linha de investigação da polícia, apenas acrescentou que o latrocínio, roubo seguido de morte, está descartado, já que objetos pessoais da vítima foram encontrados no veículo e no local de crime. “É um trabalho intenso que estamos fazendo para darmos uma resposta à sociedade. São várias linhas de investigação, e não podemos revelar nomes dos suspeitos e nem dos que já foram ouvidos. Chegamos aos possíveis envolvidos e temos outras investigações em curso, mas não temos provas e não está em nível de uma possível prisão imediata”, concluiu.

O crime está cercado de mistério. Parentes, amigos e até a própria polícia questionam: quem matou Ananda e qual o motivo do brutal assassinato?. O principal elemento motivador do crime seria o cargo na tesouraria em que ela ocupava, na Caixa Econômica Federal de Lauro de Freitas, desde o mês de agosto do ano passado e ter, supostamente, descoberto um desfalque de R$ 40 mil.

Uma colega de trabalho de Ananda chegou a confirmar essa versão durante o enterro da vítima, e também acrescentou que a bancária levou o caso a público dentro da Caixa, o que gerou um processo administrativo que acarretou na demissão de um estagiário, que, possivelmente, teria motivado o desfalque. Depois desse ocorrido, segundo a funcionária, Ananda começou a ser ameaçada de morte.

Uma pessoa da família, que pediu para não ser identificada, também acrescentou que a bancária chegou a dizer ao marido sobre as ameaças, dias antes de ser encontrada morta. A mesma pessoa da família disse acreditar que o crime esteja vinculado a uma vingança, devido a ela ter descoberto o desvio de dinheiro na Caixa. Diante dessa suposição, o delegado Joselito Bispo disse desconhecer a versão de envolvimento de um estagiário e do desfalque na tesouraria. O delegado também alegou que nada podia adiantar sobre os laudos produzidos pelo Instituto Médico Legal (IML).

Vítima estava sozinha

Na agência da Caixa Econômica Federal, onde a vítima trabalhava há sete meses, a lei do silêncio impera. Ninguém quis falar sobre o assunto. A reportagem pôde constatar que nenhuma câmera de segurança está instalada no estacionamento.

“Falam que vão colocar por agora”, diz um funcionário. Do lado de fora, um vigilante, comentando sobre a tragédia com a funcionária da casa, afirma que Ananda saiu sozinha do estacionamento, dando margem às suspeitas de que ela tenha sido abordada metros depois, possivelmente no retorno que se faz para pegar a pista para Portão.

“Ela não tinha horário fixo de sair, e naquele dia, às 17 horas, eu estava regando o jardim. Teria observado se ela tivesse saído com alguém”, disse um vigilante. O mesmo funcionário também ressaltou que a economista não era de dar caronas e estava sempre sozinha, ao chegar e a sair do trabalho. No interior da agência, o gerente geral não quis receber a equipe de reportagem, alegando que nada poderia falar, como informou um segurança que trouxe a resposta.

POLÍCIA - Na Delegacia de Homicídio, onde o crime está sendo apurado, no início da noite de sexta-feira, a delegada Andréa Ribeiro, que preside os trabalhos, não mais se encontrava. Abordada, a titular, Francineide Moura, informou que a determinação era de que qualquer informação sairia através da assessoria de Comunicação, apenas.

Familiares silenciam

A dor da família Lima Barreto é tamanha que impede qualquer depoimento sobre a violência que vitimou a economista Ananda. A casa do Condomínio Village, na Rua Direita de Santo Antônio, em Portão, foi abandonada pela mãe, irmã e marido da vítima, um dia após o assassinado. A tia Rosana diz apenas esperar que “a polícia seja competente para desvendar o assassinato”. Argumenta que tinha a jovem não como sobrinha, mas como filha, e que está demasiadamente abalada psicologicamente para voltar ao assunto.

No entra-e-sai de um final de tarde no Village, um dos porteiros, com 13 anos de serviço prestados ao condomínio, diz ainda tentar explicar como uma pessoa tão educada, meiga e, aparentemente, sem inimigos tenha sido vítima de um crime tão cruel. Todos os dias pela manhã, ela pegava o filho para caminhar na pracinha e saía depois do almoço para o trabalho. “Ainda tenho a impressão que vou vê-la chegar com o filho ou deixar o condomínio para o trabalho”, comentou.

Era no Village que Ananda morava há mais de 15 anos com toda a família, sendo duas irmãs, os pais e, mais tarde, o capitão Roberto Assunção, seu marido há três anos. “A irmã gêmea de Ananda, Juliana, morreu com problemas renais há seis anos. Em seguida foi o pai e, agora, dona Rose tem apenas Larissa, de 27 anos. Ela e a filha devem estar dando um tempo em outro lugar porque aqui as lembranças são muito vivas”, ponderou o porteiro, despedindo-se para continuar a função no condomínio.

Câmera de segurança

A passagem da economista por uma das padarias mais movimentadas na área de Portão, o “Ponto do Pão”, talvez ajudasse a polícia, como era previsto. Ela compraria pão e queijo no estabelecimento e, em seguida, se dirigiria à casa onde o filho a esperava. O estabelecimento é dotado de circuito interno de televisão, com câmeras de segurança, e foi um dos primeiros lugares procurados pela família da vítima para checar se a bancária tinha passado por lá.

Com desenvoltura, uma gerente explica que familiares de Ananda estiveram na padaria e viram todas as gravações. “Ela tinha costume de passar diariamente por aqui, mas, naquele dia, ela não chegou. As câmeras mostram isso para a família”, diz a moça, se desculpando por não poder dar mais detalhes.

Um comentário:

Anônimo disse...

É muito estranho que a mulher de um oficial da policia, tenha sido ameaçada de morte e avisado ao marido e familiares e nenhuma coisa fora feita. Com certeza o marido iria resolver por ser policial e agiria por conta propria, e melhor ainda por ser ligado ao governador do Estado. Tem muvuca por debaixo do tapete.