13 de jun. de 2011

Azevedo não recebe artistas para discutir a demolição do Zélia Lessa

Ainda sem uma posição oficial do prefeito de Itabuna, em relação a demolição do prédio do teatro Zélia Lessa, a comissão formada pelo jornalista Ederivaldo Benedito, pelo cantor e compositor Jaffet Ornellas,  pelo ator e diretor de teatro Marquinhos Nô, pela produtora e atriz Eva Lima e pelo produtor cultural Ari Rodrigues, tentou durante todo o dia, mesmo na posição de convidados, já que a secretaria Marina Silva fez o convite aberto no programa do vereador Milton Gramacho (na ocasião em que ele chamou o movimento de irresponsável) um contato, tanto com o gabinete, quanto com a secretária, para saber o horário do encontro, sem sucesso. Quando os telefones não atendiam, eles ficavam de retornar e nada.
Tomados de surpresa com o argumento de Marina de que o prefeito não sabia da revindicação dos artistas em reaver o espaço que foi construido pelo prefeito Ubaldo Dantas a pedidos da classe na época, a comissão esperava apresentar um documento assinado pelo prefeito onde numa reunião no dia 26 de setembro de 2008, um mês antes das eleições, ele se comprometia (promessa de campanha), em assim que assumir, marcar uma reunião com a classe e dentre as diversas reivindicações feitas naquele dia, uma em especial, ele se refetiu como importante. Devolver um espaço de arte e cultura a quem era de direito (se referindo ao Teatro Zélia Lessa votar para os artstas).
Diante do exposto, não procede a informação de que os artistas abandonaram o espaço durante seis anos. Analisando com cautela. Quem cedeu o espaço para o Conselho Tutelar? porque não colocaram no contrato,que ao desocupar o espaço, o Conselho teria que ter feito uma reforma para entrega? porque não foi divulgada a desocupação do Conselho Tutelar? porque não foi divulgada com antecedência a demolição do teatro para construir três salas de corte costura?
São vários pontos falhos neste processo. Tudo isso seria discutido na reunião agendada pela secretária Marina Silva para esta segunda-feira dia 13 de junho. São exatamente 16:50, e nenhum telefonema sequer foi dado a ninguém da comissão.
Amanhã, dia 14, nós vamos participar de uma manifestação promovida pelo vereador Roberto de Souza em  repúdio a situação e o descaso em que o projeto do Teatro e do Centro de Convenções de Itabuna vem sendo tratado. Logo depois, a comissão vai se reunir para avaliar a situação do descaso que a prefeitura está tendo em relação ao patrimôno histórico e cultural da cidade.
                                                                            Ari Rodrigues
                                                        Comissão em defesa do Teatro Zélia Lessa

9 de jun. de 2011

Jackson Costa está indignado com a derrubada da Sala Zélia Lessa


Recebí do meu amigo e colega Jackson Costa uma carta hoje pela manhã, que assim como ele, lí com lágrimas nos olhos. Vou dividir a indignação dele e de muitos outros artistas que viveram a década enfervecente da cultura grapiúna com meus leitores.
Diz o texto:

Ari, meu amigo,

É uma pena que o Auditório Zélia Lessa passe por essa destruição.

Todo tempo é tempo de construir.

E o teatro é um tesouro milenar que serve pra iluminar, entreter, educar, encantar...Teatro é lugar de profunda reflexão.

Na sala Zelia Lessa, eu praticamente (como ator) nasci e várias vezes ali vivi, momentos de grande emoção.

Ali eu vivi Sebastao do Souto, da peça "Calabar" (de Chico Buarque e Ruy Guerra), junto com Betão, Eva Lima, Ramon Vane, Marcos Cristiano, Adriana Dantas, Weldon Bitancurt, Jeferson Blue, Zé Henrique, Marcelo José, Dedé, André, Juan Nascimento, o mineiro Roberto O'hara e outros que agora não me lembro. Mas eu me lembro do movimento cultural que Itabuna viveu na década de oitenta: Nosso prefeito era Ubaldo Dantas, um grande homem, um grande prefeito, e a nossa primeira dama era Ritinha Dantas, uma mulher que construia e ainda constroi LIVROS, "livros a mão cheio e manda o povo pensar". Cada livro lançado naquela época era um movimento cultural: Os atores atuavam, os cantores cantavam, os dançarinos dançavam e as pessoas gozavam tamanha iluminação. Ali eu aprendi a dizer poemas, coisa rara no teatro da Bahia. Dizer poema é coisa de ator grapiúna, é "A Coisa" de José Delmo, que mantem a sua "Memória Verde" e sempre gerando bons frutos que reluzem como ouro. Escrevo isso com lágrimas nos olhos, porque tenho coração e dentro dele guardo bons sentimentos e cabe também a Sala Zélia Lessa. Que cultura é essa que destrói a Sala Zélia Lessa?  Será que o povo sabe quem é Zelia Lessa? E o coral Cantores de Orfeu, onde eu também cantei e me encantei? Em outras épocas derrubaram o Teatrinho ABC, que era belo e ficava no meio da praça Otávio Mangabeira. Como apagar da História? Isso me lembra um livro de Geny Xavier, lançado e encenado na Sala Zélia Lessa, no qual eu também atuei: "Caso de um Poeta Grapiúna que até hoje ninguém sabe o nome". Eu sei. Esse poeta pode chamar-se Firmino Rocha, que tem um poema que cabe bem nesta hora, que pouca gente na cidade conhece, mas que encontra-se gravado numa placa de bronze na sede da ONU e foi publicado numa coletânea sobre a paz, editada para a ONU e distribuida para todo o mundo.:

                        Deram um Fuzil ao Menino

                    Adeus Luares de Maio
                    Adeus traças de maria
                    Nunca mais a inocência
                    Nunca mais a Alegria
                    Nunca mais a grande música
                    No coração do menino.
                    Agora é o tambor da morte
                    Rufando nos campos negros.
                    Agora são os pés violentos
                    Farindo a terra bem dita.
                    A cantiga, onde ficou a cantiga?
                    No caderno de números o verso ficou sozinho.
                    Adeus ribeirinhos dourados,
                    Adeus estrelas tangíveis,
                    Adeus tudo que é de Deus.
                    Deram um fuzil ao menino.

Os hemens destroem um teatro, más O TEATRO sempre está vivo.

Um abraço, meu amigo.